quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Sexta-feira. Solidão ensolarada em São Paulo. Na sala de cinema, o ar condicionado conforta quando a comédia comum resseca o riso. Ali do lado, pessoas esquisitas dobram com muita pressa a esquina da Paulista com a Consolação. Querem chegar mais cedo, não sei onde. No ponto de ônibus, coisas absurdas acontecem a rigor. Tento ser gentil com mais um maluco que não sabe para onde vai, mas também quer chegar. Ele me olha desconfiado e pergunta:
- Você vai gravar minha voz nesse celular aí?
Sorrio meio espantada e respondo que não, só queria ajudar. Ele me olha quase com raiva e retruca:
- Ajudar?! Todo mundo ajuda... tirando o sangue da gente - diz apontando para a veia, e cuida em sentar sozinho num canto da calçada.
Sexta-feira. Demasiado calor, extrema solidão. Aos frágeis, veneno letal.
(16.10.15)

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