domingo, 17 de novembro de 2013

Um trovão aterrador me jogou num susto de volta à infância, lá no interior do Maranhão. Era ouvir um barulho desses e a gente saía correndo no maior alvoroço, cobrindo todos os espelhos. Não se sabia o porquê, a gente só obedecia a ordem de cima: nenhum espelho podia ficar descoberto, nenhum. E se havia relâmpago, o cuidado era redobrado. Vai que um raio cai na minha cabeça - pensava eu, tão novinha pra morrer torrada. Ao pé da minha mãe, agarrada num terço, eu e minhas irmãs ficávamos quietinhas, quase sem respirar, até que o Deus Trovão se acalmasse. As rezas da minha mãe eram poderosas. Nenhuma de nós morreu torrada, muito menos de susto. Medo de trovão não tenho mais, hoje os espelhos estão descobertos. Crendices, mistérios, superstições, no véu da infância para sempre. E o aconchego da minha mãe.

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